ATA DA VIGÉSIMA SEXTA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 23.09.1988.

 


Aos vinte três dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Vigésima Sexta Sessão Extraordinária da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às onze horas e cinqüenta e sete minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Elói Guimarães, Ennio Terra, Frederico Barbosa, Gládis Mantelli, Hermes Dutra, Jaques Machado, Jorge Goularte, Jussara Cony, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Nereu D’Avila, Nilton Comin, Paulo Satte, Raul Casa, Teresinha Irigaray, Valdir Fraga, Flávio Coulon e Wilton Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação Secreta, Urgência, foram aprovados o Projeto de Lei do Executivo n° 93/88, por dezessete votos SIM, contra um voto NÃO e dois votos em BRANCO, após ter sido encaminhado à votação pelos Vereadores Jorge Goularte, Flávio Coulon e Hermes Dutra, tendo sido escrutinadores os Vereadores Adão Eliseu e Luiz Braz; o Projeto de Lei do Legislativo nº 159/88, da Mesa, por vinte e dois votos SIM, contra um voto em BRANCO, tendo sido escrutinadores os Vereadores Adão Eliseu e Luiz Braz. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Decreto Legislativo nº 15/88. Ainda foram aprovados Requerimentos do Vereador Cleom Guatimozim, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 93/88, o Projeto de Lei do Legislativo nº 159/88 e o Projeto de Decreto Legislativo nº 15/88 sejam dispensados de distribuição em avulsos e interstícios para suas Redações Finais, considerando-as aprovadas nesta data. Durante a Sessão, o Sr. Presidente comunicou ter ocorrido reunião das Lideranças da Casa e da AMPA com o Sr. Prefeito Municipal para tratar da questão salarial dos Municipários. Os trabalhos estiveram suspensos por quatro minutos, durante a Sessão, nos termos Regimentais. Às treze horas e dez minutos, nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha e Gladis Mantelli e secretariados pelo Ver. Mano José. Do que eu, Mano José, 2° Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a verificação de “quorum”.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal dos Srs. Vereadores.) Há 25 Srs. Vereadores em Plenário, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Há “quorum”.

A Mesa antes de apregoar a pauta da Ordem do Dia para a Sessão Extraordinária, quer fazer uma comunicação aos Srs. Vereadores. A primeira que a Câmara Municipal, atendendo o pedido da Associação dos Funcionários Públicos Municipais, compareceu, hoje, em audiência junto ao Sr. Prefeito Municipal, e que estabelecido o contato, que foi pedido para que a Câmara Municipal assim promovesse através de suas Lideranças, e lá foi encaminhado o problema, sendo devidamente consultada a direção da AMPA sobre esta votação em espécie que estamos aqui a realizar. E foi a nós dito que deveríamos incursionar pelo processo de votação em que convocamos esta Sessão Extraordinária. Para deixar mais esclarecido que estavam presentes na reunião todas as Lideranças desta Casa e ouviram isso da Direção da AMPA.

Passamos de imediato à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA - URGÊNCIA

 

PROC. 2064/88 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 93/87, que reajusta os vencimentos dos funcionários da Administração Centralizada e Autárquica do Município de Porto Alegre e dá outras providências.

 

Parecer Conjunto:

- da CJR, CFO e CUTHAB. Relator-Geral Ver. Cleom Guatimozim: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 93/88. Inscreve-se o Ver. Jorge Goularte.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Srs. Funcionários da Casa. Esta é a luta dos funcionários do Município, a cada aumento de salário - que de aumento não tem nada. Na realidade nem reajusta a inflação, e isso faz com que todos nós, Vereadores, tenhamos que nos empenhar para conseguir ser mediadores nas soluções desse problema.

Hoje não foi diferente. E estivemos na Prefeitura Municipal, junto com a Diretoria da AMPA, para tentar aumentar pelo menos um pouco o índice proposto.

E o ideal seria, e que muitos Vereadores já pediram isso, um Plano Geral de Reclassificação no Município. Isso seria o ideal. Onde todos os funcionários fossem incluídos num grande Plano de Reclassificação e aí, por categoria, atingirem uma carreira e ascenderem nessa carreira, de acordo com suas funções e aptidões.

Existe, também, na Casa e é preciso que se fale nele um Plano do DMAE. Bem elaborado pelos funcionários do DMAE, encaminhado pelo Poder Executivo e, que criou uma polêmica, porque entrou num momento do Projeto de Reajuste. Analisando bem a situação, é preciso se considerar que o DMAE e os seus funcionários não têm nenhuma culpa do que está ocorrendo com o erário público municipal. E por motivos vários, explicados pelo Prefeito Municipal, em parte, e não compreendido por nós, em grande parte, porque se é verdade que o erário público está difícil de ser contabilizado para pagar o funcionalismo, não é menos verdade que existem muitas obras no Município, que não necessitariam ser feitas todas numa administração só. Seria preciso tantos CIEMs? Talvez Porto Alegre precise, mas não numa só Administração. Seria necessário o Ginásio Municipal? Entendo que possa ser importante, mas não necessário. Nesse quadro de crise em que estamos vivendo, acho que aquele ginásio seria perfeitamente dispensado. É pouco o dinheiro gasto ali? Acho que é bastante.

Por outro lado, é preciso o Sr. Prefeito Municipal, fazer uma campanha maciça de publicidade em cima de suas obras? Acho que não.

Diante do quadro que nós estamos, os funcionários municipais decidiram que, apesar de ser pouca, essa importância deveria ser votada. Mas eu repito, voto sob protesto, porque a votação de Projeto, penso eu, não inibe o funcionalismo de continuar lutando pelo aumento. Por isso estamos aqui. Os Vereadores têm autoridade para decidirem, inclusive pela omissão de muitos, porque a obrigação é estarmos aqui e votamos.

Eu entendo que o quadro é crítico, realmente é, mas que poderia ser diminuído na sua coloração tão forte se ele fosse administrado de uma maneira um pouco mais humana e mais social, e menos publicista, e menos para aparecer.

O Projeto do Ver. Hermes Dutra que proíbe a colocação de nomes em obras públicas e publicidade, infelizmente, foi vetado e nós não tivemos força para derrubar o Veto. E ali estava um Projeto que evitaria, a meu ver, a demagogia, especialmente em véspera de eleições, próximo aos pleitos municipais, aonde há uma aceleração enorme na tentativa de fazer aparecer à população o trabalho realizado, que é um bom trabalho, que eu reconheço como Vereador, e que independeria de publicidade, seria completamente dispensável este ato de dar publicidade a obras realizadas.

Parece-me que a proposta que o meu Partido faz para obras do Município, se atingir a Prefeitura Municipal, é muito mais séria e muito mais justa. “Esta obra está sendo financiada pelo povo.” Assim é que o Partido Liberal entende que devam ser colocadas as placas do Município em obras realizadas.

No que tange a este Vereador, não sairá, porque eu sou da ala que defende o Partido Liberal e não besteiras ditas por elementos que entraram ultimamente no Partido Liberal. Defendo o Partido Liberal como um todo e não isoladamente por gestos e atitudes de determinadas pessoas, sejam elas de que natureza forem: minha posição é clara e o Ver. Raul Casa me conhece muito bem, pois temos uma amizade de mais de 30 anos e isso me dá o direito de dizer que S.Exa. sabe que eu não concordaria com essa política.

Mas, para encerrar, vamos votar favoravelmente aos dois Projetos, a este de hoje e, especialmente, ao do DMAE, mas sob protesto, porque não entendemos válidos muitos projetos realizados pelo Sr. Prefeito de maneira açodada, uma vez que poderiam ser feitos de maneira mais tranqüila, em duas ou três administrações o que, para Porto Alegre, seria ideal, e não fazer como Brasília, tudo numa só administração, e por isso, às vezes, fazendo errado. Entendemos, como entende o Ver. Hermes Dutra – e o Ver. Raul Casa lutou tanto por um ginásio municipal, mas tenho certeza de que ele não concorda com aquela área – que aquela não é a melhor área para a construção de um ginásio. Mas a atual Administração entendeu assim e o realizou em detrimento de outras prioridades como o funcionalismo, o saneamento básico, a saúde pública, a segurança pública, os transportes. Os centros integrados que este Vereador apresentou, e foi vetado por duas vezes, acho até que por equívoco do Sr. Prefeito que foi quem mandou reapresentássemos.

Mas conforta-me a palavra do Sr. Prefeito no que concerne à luta dos funcionários e de vários Vereadores, porque não quero passar por demagogo e quero apenas para mim esta honra. Tenho pedido há longo tempo um plano de reclassificação para o funcionalismo, inclusive tive um problema sério ao tentar fazer para certos setores. O Sr. Prefeito me deu a palavra, através do Secretário Chaves de que há possibilidade que nesta Administração - o que seria muito bom -, viesse para esta Casa um plano geral de reclassificação do funcionalismo municipal.

Por isso, eu vou votar favoravelmente aos Projetos, na esperança de que haja, num futuro bem próximo, uma solução melhor para os problemas de Porto Alegre, especialmente para os seus funcionários, sem os quais Porto Alegre não anda, sem os quais Porto Alegre não atende a sua população e, no que tange ao DMAE, sem os quais Porto Alegre não sobrevive. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Está inscrito o Ver. Mano José, que cede seu tempo ao Ver. Hermes Dutra.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje, pela manhã, atendendo a uma convocação dos funcionários e das Lideranças, fui ao Sr. Prefeito Municipal. Ontem, à tarde, numa reunião aqui da Casa, eu fui voto vencido, porque eu disse que nós não deveríamos ir junto com os funcionários municipais. Entendíamos que a Casa deve ser preservada até como órgão de última instância, porque isto aqui é uma instituição, e como tal deve ser tratada. Deveríamos, isto sim, providenciar para que o Prefeito recebesse os funcionários municipais. Fui voto vencido, infelizmente, e hoje, atendendo à decisão da maioria, como bom democrata, fui ao Paço Municipal. S.Exa., o Sr. Prefeito Municipal, como sempre, deitou e rolou. E concedeu à AMPA a liberação de toda a sua Diretoria. A Diretoria da AMPA não precisa mais trabalhar, agora. Eu não sei o que vão dizer os outros funcionários municipais. Eles não vão mais precisar trabalhar e só vão-se dedicar à AMPA. Concedeu uma sede para a AMPA. Vai ser instalada uma sede para a AMPA bem ampla, e nós ali sentados assistindo. Ora, devo dizer a V.Exas. me senti de uma inutilidade incrível, hoje pela manhã.

 

(Aparte inaudível.)

 

É verdade, Verª Bernadete Vidal. Mas antes de conceder esse aumento, Verª Bernadete Vidal, eu acho que nós temos que fazer um plano de aplicação para os funcionários municipais, porque talvez eles não tenham consciência nem alcance de como aplicar esse enorme dinheiro que vão receber. Trinta e cinco por cento é um aumentaço! Então eu acho que nós devemos ajudá-los, explicando como eles devem fazer a aplicação deste recurso. Mas voltando à reunião de hoje pela manhã, S.Exa. expôs e eu, mesmo tendo motivos para não acreditar, vou acreditar que os dados mostrados hoje pela manhã são verdadeiros. Disse ele que gasta sessenta e tantos porcento da arrecadação com a folha, só na Administração Direta, com indireta chega a 83%, que só sobra 17%, etc., etc. Eu tenho dados para não acreditar, mas vou acreditar. Admitindo que estes dados sejam verdadeiros, S.Exa., efetivamente, não pode dar um maior aumento para os funcionários. Aí, a Presidente da AMPA sugeriu que ele suspendesse a publicidade. Acho que foi uma interpretação equivocada, não devia ter dito aquilo. Aí, o Prefeito montou num porco, ficou brabo, mas depois se acalmou. Eu digo que foi uma interpretação equivocada, porque, realmente, se o Prefeito suspender a publicidade, que ele disse que são trinta milhões, mas, na verdade, são mais de cem, se fosse distribuir estes cem milhões para os funcionários, seria uma importância insignificante. Mas a questão não é esta. A questão está numa decisão política de, por exemplo, diminuir as gratificações do 111, que quando S.Exa. recebeu tinha 27, hoje tem 400 recebendo. Diminuir as administrações por cartas-contrato, que estão num número que ninguém sabe quantos são. Diminuir a contratação de mão-de-obra de terceiros. Eu tenho um Pedido de Informação lá sobre isto. A Prefeitura paga para desenhistas da MANSUR 42 mil cruzados por mês, para engenheiros 84 mil, salários de agosto, em setembro tem que aplicar mais 20% pela URP. Então, na verdade, tem razão o Sr. Prefeito quando diz que a retirada da publicidade não vai resolver. Ah, não vai resolver mesmo. Mas se S.Exa. tivesse a disposição política de dar um aumento melhor para os funcionários e tivesse feito um corte em determinadas despesas que não são essenciais ao funcionamento da máquina administrativa, teria conseguido, pelo menos, aumentar para 40%, o que já seria um gesto de boa vontade, embora continuasse sendo um aumento para lá de mixaria. Mas S.Exa. não quis, ele é um homem muito afeito ao debate, terminou praticamente enrolando todos e até culpando a AMPA e o Poder Legislativo, porque não funcionou a Comissão que deveria avaliar as contas municipais, porque não havíamos indicado os representantes. Então, eu tinha toda a razão, ontem, quando não queria ir ao Sr. Prefeito, mas, lamentavelmente, fui voto vencido, e como bom democrata não me restou outra alternativa, senão acompanhá-los.

 

A Sra. Bernadete Vidal: V.Exa. permite? (Assentimento do orador.) Só para meu entendimento, porque ontem não fui lá, foi o nosso Líder de Bancada, mas, ontem, a AMPA estava enlouquecida, trouxe gente para cá, agora ela está pedindo para votar os 35%?

 

O SR. HERMES DUTRA: A Presidente da AMPA, ao final da Assembléia, declarou que a Assembléia não aceitava os 35%, mas que a Câmara estava liberada para votar, não gostei do termo pois acho que a Câmara vota quando quer.

 

A  Sra. Bernadete Vidal: Eu comecei a fazer política em entidades representativas, por isso respeito muito, mas não se admitir este tipo de terminologia, estamos liberados sempre pela nossa consciência, agora, não venha alguém liberar, ou impor qualquer coisa aqui. A AMPA ontem não queria, hoje quer! Não entendo mais nada.

 

O SR. HERMES DUTRA: Tenho uma posição formada desde quando chegou aqui este Projeto que de aumento não é. De reajuste? Também não. Este Projeto que estamos discutindo, não vamos denominá-lo. Bem ou mal, não podemos ignorar os 35%. Se as pessoas não receberem no fim do mês, não vai fazer falta, eu tenho essa posição, e votarei favoravelmente; só votarei contra, se me chegasse as mãos um documento assinado, até para me isentar da responsabilidade perante os demais funcionários da Prefeitura, porque quando tem 500 lá pedindo para não votar os 35%, a Prefeitura é um universo de quase 15 mil funcionários, e 35% no fim do mês representa alguma coisa. Acho que a questão não passa por aí, acho que o encaminhamento da luta deve ser outro, mas, afinal de contas a AMPA tem o direito de fazer aquilo que achar melhor, afinal, já conseguiu algumas vitórias, conseguiu hoje a dispensa dos funcionários, agora não vão precisar trabalhar, vão só fazer, como diz o Prefeito, “vão só politicar”.

Mas quero voltar ainda, Sr. Presidente, a continuar fazendo aquela avaliação se pode ou não pode dar o aumento acima de 35%. Se o Sr. Prefeito cortasse essas despesas que se tem, ou tratasse de promover um certo enxugamento na máquina administrativa, eu não tenho dúvida que as despesas de custeio da Prefeitura vão cair e estas despesas reduzidas proporcionariam a que se desse um aumento maior. Agora, é claro que se o Sr. Prefeito não proceder a isso, e aí entraria então a publicidade, é claro que não vai ter dinheiro para dar aumento.

Se está gastando 83% e é ilegal porque a Constituição nova vai viger daqui a 15 dias, diz que tem que ser 60 ou 65% no máximo. Então, a verdade é que o Sr. Prefeito não tem dinheiro, mas poderá, se quiser, promover cortes, reduzir o ritmo de obras, fazer o ginásio ali num turno só, não precisa pagar adicional noturno para os servidores, não precisa pagar salário nos fins de semana para os funcionários trabalharem, até para facilitar e dar emprego por mais tempo para as pessoas, juntando aqui, ali e acolá, ele conseguiria um dinheirinho para dar um aumento maior. Agora, não dá porque não quer cortar despesas que ele acha mais importante como o “monstrengo” da Érico Veríssimo que ele acha mais importante.

 

O Sr. Paulo Satte: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Hermes Dutra, a opinião pública, principalmente os funcionários públicos municipais devem ainda se recordar ou alguns não se lembram, que toda esta conseqüência de hoje é exatamente conseqüência do Governo de V.Exa., pois em janeiro de 1986 a conta da Prefeitura foi bloqueada em 35 milhões de cruzados e o Governo de V.Exa., na época, tinha dinheiro para fazer qualquer tipo de propaganda.

 

O SR. HERMES DUTRA: V.Exa. Ver. Paulo Satte, cometeu alguns pecados mortais, primeiro falou coisa que não conhece; segundo falou errado; terceiro quis defender uma coisa que é indefensável. Vou ter que me dar ao trabalho, Sr. Presidente, de explicar ao Ver. Paulo Satte. Seu Prefeito, do Partido de V.Exa., acabou de dizer, pela manhã, que a Prefeitura Municipal de Porto Alegre é a capital do País em melhor situação financeira.

 

O Sr. Paulo Satte: Porque ele economizou e pagou.

 

O SR. HERMES DUTRA: Ver. Paulo Satte, não fale de coisas que V.Exa. não conhece. Vou ao meu gabinete e mostro a V.Exa. porque essa conversa aí do dia 2, entrou muito mal, pois, fiz um Pedido de Informações no dia 1º de janeiro. O Prefeito Alceu Collares recebeu a Prefeitura com dois milhões de cruzeiros em caixa, com uma dívida de 20 milhões para pagar, e com um resíduo de ICM para receber de 57 milhões de cruzados. Está lá, assinado pelo Prefeito Alceu Collares. Me dei o trabalho de fazer este Pedido de Informações. O que ocorre, Ver. Paulo Satte, talvez V.Exa. não conheça, ninguém é obrigado a conhecer, é uma coisa que os americanos chamam de “cash-found”, isto é, fluxo de caixa. Este fluxo de caixa faz às vezes com que não haja dinheiro hoje, e haja amanhã, haja despesa para pagar hoje, que não tem dinheiro e não haja despesas para pagar amanhã, que tem dinheiro. Terei o maior prazer de mostrar a V.Exa. a resposta do Prefeito, do seu Partido, dizendo a forma com que encontrou a Prefeitura. A Prefeitura foi entregue ao Sr. Prefeito Alceu Collares com 8% de dívidas, o que é inédito no País, não há Prefeitura de Capital que tenha este nível tão baixo, e essas dívidas eram contraídas pelo DEMHAB que deveriam receber dos compradores de casa própria. Então, dívida mesma a Prefeitura de Porto Alegre não tinha. V.Exa. não teve tempo de estudar estas coisas, entendo, eu me preocupo, estudo de noite, etc.

 

O Sr. Paulo Satte: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, estudei tanto quanto V.Exa. Agora gostaria que V.Exa. explicasse por que a conta da Prefeitura, logo que Alceu Collares iniciou a sua administração foi bloqueada em 35 milhões de cruzados.

 

O SR. HERMES DUTRA: Ou V.Exa. estudou e não entendeu, acabei de explicar o problema do fluxo de caixa, Vereador.

De forma, Sr. Presidente, que vou encerrar, dizendo que nem quero, Ver. Paulo Satte, que volte o salário dos funcionários para 1.517 salários mínimos, como era no tempo do Prefeito João Dib, porque aquilo era salário da ditadura, nem vamos falar, hoje está 0,70 ou 0,90, uma coisa assim, mas aquilo como diz V.Exa. era época do meu governo, um governo ruim. Mas ele, pelo menos, poderia dar cinqüentinha. Pelo menos 50%, ele podia dar. Voltar ao tempo da ditadura, acho que não é uma boa, o salário era melhor. Mas não vamos relembrar. Mas que ele poderia ter dado 50%, podia. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Flávio Coulon.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, participei da reunião efetuada no Paço Municipal, com S.Exa., o Sr. Prefeito Municipal, Alceu Collares.

Considero, absolutamente, lamentável o comportamento da atual Diretoria da AMPA durante essa reunião. Fomos convidados para discutir o problema salarial da categoria. No meio da discussão, se misturaram os problemas salariais com reivindicações puramente corporativistas da Diretoria da categoria. Ou seja, no meio da grande discussão, que era o aumento do funcionalismo, uma falta de habilidade que me causou espanto e me deixou constrangido, se colocamos como questões da categoria o licenciamento da direção da AMPA, de 13 elementos para se dedicarem inteiramente à questão da AMPA, e se coloca o problema da sede da AMPA. Isso tirou inteiramente o rumo da negociação.

Além do mais não me agrada quando alguma diretoria de associação ou sindicato libera os Vereadores para votar alguma coisa.Como havia combinado com o Prefeito de que como Vereador não me manifestaria durante a reunião, cumpri o que havia sido estabelecido. Fiquei quieto e não dei a devida resposta no momento, coisa que faço agora. A mim ninguém libera, ou não libera para votar. O Projeto entra na Câmara, o Projeto deve ser apreciado pela Câmara, independente de injunção de qualquer ordem política, sindical, ou qualquer que seja a pressão. De modo que não me agradou ser liberado pela Diretoria da AMPA para votar. Acho que a matéria deve entrar em votação. E nós aqui com a pressão da massa temos que assumir essa responsabilidade. Agora, o que não podemos é ficar segurando a votação, esperando que as categorias nos liberem para votar, como coisa que nós estivéssemos atrelados. Eu sei, existem Vereadores que assumem esses compromissos, e não estou criticando estes Vereadores, estou colocando simplesmente a minha posição.

Também, Sr. Presidente, eu me sinto de uma certa maneira constrangido de votar este aumento no dia de hoje pelo próprio desdobramento da questão. Haveria uma Sessão às 9h30min da manhã. Vereadores, uma boa parte deles, aqui estiveram. Foi feita uma reunião, esta reunião terminou em torno do meio-dia. A categoria, realmente, ficou numa posição altamente conflitante. Vimos para esta Casa e convocamos uma reunião extraordinária. Eu quero confessar, Sr. Presidente, que não me sinto em condições, nas atuais circunstâncias, até porque esta Casa se constitui em 33 Vereadores, de examinar esta matéria e correr o risco de perante a categoria ser acusado de ter vindo correndo para a Câmara aprovar rapidamente um aumento, ao qual em condições normais, eu votarei favoravelmente.

Neste encontro todo, por incrível que pareça, e como Vereador de oposição eu tenho que vir aqui reconhecer, saiu engrandecido o Prefeito Alceu Collares. Foi o grande vencedor, o grande coordenador desta reunião. Os Vereadores nada mais fizeram do que preparar uma belíssima atuação, hoje pela manhã, do Prefeito Alceu Collares, que foi muito claro para as lideranças da AMPA de que não poderia aumentar 1% a mais do percentual de 35%, que abriu negociações com a categoria para, daqui para frente, examinar os aumentos e que cedeu aos dirigentes da AMPA uma sede, como eles, os dirigente da AMPA, queriam, deixando a categoria fragmentada, porque o que foi decidido lá em cima não vai ter certamente o apoio da base. Então, conseguiu o Prefeito Alceu Collares, e eu trago, aqui, os meus elogios a ele, uma belíssima atuação e fragmentou o movimento com a sua atuação hoje de manhã.

Eu até tenho que me render, porque, justamente, a minha missão era de intermediar o recebimento da Diretoria da AMPA. O Prefeito recebeu de maneira cordial, de maneira aberta, atendeu, praticamente, tudo que a AMPA queria. Só que eu quero, agora, ver como é que a Diretoria da AMPA vai-se explicar nas suas bases. Como é que ela vai explicar o que foi decidido no 1º andar aqui, ao vez do chão, na Praça Montevidéu, porque houve uma dessintonia, e a mesma é flagrante. Eu não fiquei lá para ver, mas não é preciso ter ficado lá para ver, porque o que a cúpula falou está totalmente descolado.

 

O Sr. Wilton Araújo: V.Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Quero registrar, neste aparte, a competência política que V.Exa. diz que o Prefeito tem, o que nós reconhecemos. Realmente, foi de muita competência, politicamente falando. Eu gostaria também de introduzir no seu discurso uma observação: parecem ter ficado normais na Casa as pressões e ter ficado visado, no seu pronunciamento, isso que tem ficado normal na Casa, e é a segunda oportunidade que aqui acontece, a primeira foi na votação do Projeto Praia do Guaíba, e a segunda ontem, quando nós tivemos, infelizmente, a invasão deste Plenário, com a pressão, no meu entendimento, sem propósito objetivo e sem a necessária consciência de que esse é um espaço que nós recém estamos conquistando. A liberdade dentro desse espaço deve ser grande, mas liberdade não significa invasão, não significa anarquia e, como V.Exa. diz, não é porque categorias ou pressões se achem com o direito de nos liberar para votar ou dizerem quando nós vamos votar. Eu acho que esta Casa é um espaço conquistado e assim deve-se impor, como representativo da sociedade. Então, eu gostaria de deixar estas duas observações dentro do seu discurso.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Assim sendo, agradeço o seu aparte e vou deixar clara a minha posição nesta votação: eu não votarei, na manhã de hoje, este Projeto, votarei na segunda-feira a favor dos 35% e espero que a massa esteja aqui. Pelo fato de esta Sessão Extraordinária ter sido convocada sem que todos os Vereadores soubessem do fato, sinto-me impedido de votar essa matéria. Votarei segunda-feira, mesmo que os funcionários rejeitem esse Projeto, mas como fomos liberados a votar segundo a nossa consciência, minha consciência me diz que o mais razoável é votar esse reajuste, garantir esse reajuste de 35% para os funcionários e, a partir daí, intensificar a luta para uma melhoria já em outubro, novembro e dezembro. Era este o pronunciamento que gostaria de deixar registrado. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão, passamos para a votação. Não há oradores inscritos para o encaminhamento do PLE nº 93/88. Convido os Vereadores Adão Eliseu e Luiz Braz para escrutinadores, tendo em vista que a votação é secreta.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal dos Srs. Vereadores.) Votaram 20 Srs. Vereadores, Sr. Presidente.

 

(É procedido o escrutínio: 17 votos SIM, 01 voto NÃO e 02 EM BRANCO.)

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO o Projeto.

Requerimento de autoria do Ver. Adão Eliseu, solicitando seja o PLE nº 93/88 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

PROC. 2065/88 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 159/88, da Mesa, que reajusta os vencimentos dos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

 

Obs.: Independente de Parecer (art. 143 do R.I.).

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 159/88. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. Encerrados os encaminhamentos. Convido os Vereadores Adão Eliseu e Luiz Braz para escrutinadores, tendo em vista que a votação é secreta.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada nominal dos Srs. Vereadores.) Votaram 23 Srs. Vereadores, Sr. Presidente.

           

(É procedido o escrutínio.)

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO por 22 votos SIM e 01 EM BRANCO.

Requerimento de autoria da Verª Gladis Mantelli, solicitando seja o PLL nº 159/88 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

    

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 2066/88 - PROJETO DE DECRETO DO LEGISLATIVO Nº 15/88, da Mesa, que atualiza o subsídio do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

    

Obs.: Independe de Parecer (art. 143 do R.I.).

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PDL nº 15/88. (Pausa.) Encerrada a discussão. Em votação. (Pausa.). Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.). APROVADO.

Requerimento de autoria da Verª Gladis Mantelli, solicitando seja o PDL nº 15/88 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Nada mais havendo a tratar, declaro encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 13h10min.)

 

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